sábado, 1 de setembro de 2012

Ciclos



Sangrei, fazia um ano que não sangrava. Esse sangue é muito simbólico, fim de um ciclo, começo de outro. Muitos fins nesses ultimos dias, mas ainda acredito no recomeço. Na próxima semana completo 31 anos é o início do fim do meu retorno de saturno. É o início do fim de uma vida ainda insistente da adolescência tardia. Sim, a vida me obrigando a ser adulta, me tirando toda a oportunidade que tive a vida toda de ser egoista. Hoje sou mãe,hoje sangrei pela primeira vez mãe. O sangrar da mulher é como um rio de água vermelha, forte, encorpada que se vai embora, como se levasse tudo que foi para que tudo que virá com plenitude. Sangrar está mandando meus hormônios monstros embora, todos aqueles em que nos enlouquecem durante a gravidez, que nos enlouquecem uma vez por mês, que nos enlouquecem quando nos tornamos mães e nos sentimos vacas, com tetas sagradas, quando nos sentimos animais que exercitam seu lado mais selvagem de todos.
Sangrei um pouco por dentro, de coração partido, e, apesar de ver bem de perto o quão bela a vida é pude ver  também o quanto cruel ela pode ser.
A mulher é mesmo muito bicho, sangra, e, não somente por fora como por dentro deixa esvairir todo o vermelho embriagante do poder e da resignação. Hoje posso dizer que cresci mais um pouco, hoje posso dizer que existe muito amor aqui dentro, hoje posso dizer que minha menina cresceu, mas a quero sempre viva dentro de mim. Vermelho sempre foi minha cor favorita!


por anaterra viana

Um comentário:

  1. Muito bom, AnaTerra! Arrasou mais uma vez. Belíssimo texto/desabafo viceral.

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