segunda-feira, 2 de maio de 2011

O desabafo de uma Balzaquiana


Eu sempre escrevo textos em 3ª pessoa, mas hoje senti uma enorme necessidade de escrever em 1ª, e, dividir com vocês!

Fazer trinta anos não é fácil, mas também não é difícil, os planos que eu tinha desde a infância não foram concretizados (pasmem, eu os faço desde aquela época), que mudaram durante a adolescência, mas também não se realizaram, aliás nem aquelas promessas de fim de ano que fazemos eu nunca consegui cumprir, desisti dessa ‘lista de realizações ‘ anual há um bom tempo. Eu acho que o que é mais difícil em se fazer trinta, quarenta, cinqüenta anos, são os planos que não deram certo, ficar mais velha, as rugas, cabelos brancos é difícil também, mas é natural e é esperado, e, convenhamos, é muito bom se sentir mais madura, mais esperta e a cada ano que passa essa sensação aumenta, porque  estamos cada vez melhor (ao menos é o que se espera).

Resolvi fazer uma análise de tudo, coisas de quem vai fazer trinta, e não consegui fazer muita coisa, coisa de quem ainda tem vinte e nove, o que me restou foi contribuir para o blog, aliás um dos ‘planos’ que se concretizaram, mas que está estagnado, assim como muitas coisas em minha vida de quase trinta. É que esse negócio de planejar nunca deu muito certo comigo, são muitos os planos que não saíram do papel, são muitos os sonhos que não saíram do plano imaginário, planos não são a melhor coisa a se fazer, objetivos e foco, esses sim, cansei de planejar, agora, finalmente – depois de quase trinta anos – resolvi não mais fazer planos, não mais criar expectativas, não viver no mundo das ilusões e sair correndo de uma palavra que limita até mesmo o mais otimista, acho ela ainda pior do que o não, a palavra se... Chega de SE, vamos chutar essa preposição do vocabulário que ela trava possibilidades, brocha um coração apaixonado e acaba com toda a esperança de alguém que espera algo... A dúvida, a dúvida é o que eu quero menos em minha vida, tenho 30 anos, ops, quase, quero ter mais certezas , calma gente, também não vou engolir tudo que me dizem, continuarei contestadora e de não tão fácil convencimento, e, quero sim surpresas, até porque a vida não teria a menor graça se tudo fosse apenas seguir uma receita de bolo. A dúvida a que me refiro é aquela que compõe os famosos joguinhos amorosos, cheios de expectativas infundadas, ou a grande dúvida a respeito do que eu sou e do que eu escolhi ser, que causam dores de barriga e toneladas de ansiedade.

Essa semana vi um depoimento da Fernanda Mello, que faz crônicas digitais sensacionais, ela desmistificou todas suas crenças em relação a paixão e admitiu que a paixão é para os fracos e o amor é Punk,  que o que ela quer mesmo é o amor, que borboletas na barriga, perder chão etc.. é ilusório, bom mesmo é acordar com alguém do seu lado e não ter sustos, que o amor é construção, pausas, longos diálogos, e, eu me identifiquei. (clique no nome dela e veja o depoimento)

É chegada a hora de firmar as coisas, é chegada a hora de saber o que se quer e realmente realizar,  sem rodeios e planos infalíveis, é chegada a hora de ser objetiva, é chegada também a hora do amor, de mais plenitude, os planos e a paixão a gente deixa para os adolescentes, é chegada a hora de finalmente crescer. Me cansei das coisas perecíveis, minha busca agora é pelas coisas duráveis!


"Sou mulher e trago em mim todas as idades."  (Cora Coralina)


por anaterra viana, quase trinta

7 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Retificando(depois que que a autora do post me corrigiu), gostei do post e mais ainda da Patricia Mello, ela é linda. Só não sei essa coisa de "não querer mais a paixão", isso não sei.

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  3. Não acho a paixão ruim, mas entendo que é um caminho mais fácil de percorrer, o amor, o amor é pleno e super difícil de manter...
    Enfim, viver a vida com a adrenalina da paixão é bem bom, mas cansa...

    anaterra

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  4. Eu aqui, com meus trinta e poucos anos... venho percebendo que nessa fase, tomamos a real consciência de quem somos e oq queremos fazer da "nossa vida"; e isso não é facil... pq aos vinte e poucos anos idealizamos e fantasiamos muito mais do que realmente somos/buscamos, isso quando há busca... é facil se perder quando se acredita numa busca externa, né?!
    Balzaquianamente falando: Hoje a minha busca é por um EU mais profundo e verdadeiro possível, mesmo sabendo que o preço é um interminável confronto consigo... a eterna luta entre as vontadesXresponsabilidades da vida, mais especificamente "do que eu estou fazendo com a minha vida".

    viv

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  5. Falando em SE...
    E SE fosse 39 ao invés de 29? e SE vc tivesse passado os 30 casada e agora se visse com um filho alem de todos esses pensamentos?
    Na real, não muda nada (se vc malhar, gozar e usar os cremes certos, claro).
    Não muda pois hoje as mulheres congelam nos 30 até fazerem 50 ou 60.
    E qdo amam as mulheres sentem falta da paixão, do frio na barriga da incerteza.
    Pra mim a mulher de Balzac tem é cinquentinha. E até lá a vida é uma delicia, e dizem que depois de lá tambem é ótimo.
    Então o que vale é a creditar em si e no outro, aprender a viver com menos dramas e mais amor, mais entrega, menos medo de dar o sangue, de dar a volta e de dar o braço a torcer. Mas esse é outro assunto.. bjooooo

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  6. eba!!!

    Miss may você está certíssima, mulher é mesmo um bicho estranho, e, muito diferente uma da outra...

    Não tive filhos, mas passei sufocos com isso, não fui casada, mas convivi com um cara quase dez anos da minha vida, tudo é relativo, e SE eu tivesse ido para a Europa aos quinze, quando me surgiu tal oportunidade, eu estaria diferente, e SE eu tivesse continuado com a ginástica olímpica hoje eu seria uma atleta, SE, SE, SE...
    Não quero mais ME limitar a essa preposição, ficar imaginando o que poderia, ou se seria certo... quero é viver o agora, sem planos mais e sem pensar no tal do SE..

    Acho que aqui eu não quis determinar muito menos impor o que deve ou não ser feito, o que é certo ou errado, eu fiz tudo em 1ª pessoa, foi tudo pra mim, mas sabendo que pode respingar em outras pessoas...

    A história do frio na barriga sempre vai existir, a questão é que sabemos onde a paixão vai parar, onde vai nos levar, viver com emoção a gente quer mesmo, mas, no momento, não estou querendo não, entrega quero sim, mas com tranquilidade...

    Mas isso tudo eu quer no momento, como boa mulher, daqui uns anos posso mudar... Meus 30 são agora, e meus desejos por enquanto são esses, nos meus 40 não quais serão...

    Anaterra

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