"Embora Foucalt não tenha dito nada a respeito da moda ou da roupa em suas idéias sobre poder /conhecimento (…) a sua contribuição nos oferece um caminho para pensarmos sobre a estruturação das influências das forças sociais sobre o corpo, assim como oferece um caminho para questionarmos o que o senso comum entende sobre o vestuário moderno. O corselet parece um exemplo perfeito para a disciplina corporal do séc. XIV: era obrigatório e uma mulher sem corselet era considerada moralmente deplorada. (...)
Em contraste, estilos de roupas hoje são vistos como mais relaxados, menos rígidos ou fisicamente incômodos: roupas casuais são comumente vestidas e os códigos de gênero parecem menos rigidamente impostos. Entretanto, este aumento da convencional história da liberação do corpo, pode ser contada diferentemente se aplicarmos uma abordagem Foucalniana para a história da moda: mesmo um simples contraste entre os estilos do séc. XIV e do XX se mostram problemáticos. Assim como Wilson (1992) argumenta, no lugar do corselet de barbatana do séc. XIV nós temos o corselet de músculos do pedido pelo modelo padrão contemporâneo de beleza.
A noção de poder de Foucalt pode ser aplicada nos estudos da roupa para considerar os caminhos nos quais o corpo adquire significado e age sobre o social e os discursos das forças e como essas forças estão implicadas na operação do poder. Feministas argumentam que Foucalt ignora a questão do gênero, um termo crucial para a construção social do corpo. Entretanto, enquanto ele pode ter sido um “cego para o gênero”, seus conceitos teóricos e seus insights dentro do jeito que o poder atua sobre o corpo pode ser aplicado para explicar o gênero.
Gaines (1990:1) argumenta que na verdade o gênero é uma construção cultural na qual as roupas ajudam a reproduzir. Códigos de vestuário reproduzem o gênero da mesma maneira. Haug (1987) disse que o corpo feminino é um efeito dos tipos de postura, comportamento e vestimenta. Deste modo, os discursos e regimes do vestir estão vinculados ao poder de diversas e completas formas, sujeitando os corpos das mulheres a um maior “escrutínio” que ao dos homens."
The Fashioned Body – fashion, dress and social theory
Joanne Entwistle (2000)
---> traduzido por Gabi Garcez Duarte, uma vítima da moda.
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